terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Review da Pulseira Ourocard contactless (pagamento por aproximação)

Recebi minha Pulseira Ourocard para pagamentos contactless (sem contato) com tecnologia NFC, emitida pelo Banco do Brasil (site oficial da pulseira aqui).

Foto autoral usando Pulseira Ourocard

Pra quem não sabe, o Near Field Communication (NFC) é uma das tecnologias que permite a comunicação via ondas de rádio entre dispositivos de forma segura a uma distância bem curta (leia mais aqui), o que a torna perfeita para pagamentos com cartões de crédito ou de débito.

Símbolo de pagamentos do EMV
Símbolo do consórcio EMV para Pagamentos sem Contato

O consórcio EMV ("Europay, Mastercard and Visa") criou o padrão de pagamentos sem contato largamente utilizado hoje no mundo todo.

Como um dos lados dessa comunicação entre dispositivos pode ser apenas um pequeno chip energizado com a própria onda eletromagnética emitida pelo outro dispositivo, é possível colocar chips NFC em dispositivos bem pequenos e finos tais como cartões, pulseiras, anéis, e até mesmo adesivos de papel. Seguindo a lógica "canivete suíço" dos smartphones, é claro que eles também possuem chips NFC (os top de linha, pelo menos).

Ao aproximar esses dispositivos, no caso de pagamentos, a comunicação é estabelecida em um elevado nível de criptografia, suficiente para transmitir dados sensíveis com segurança e assim autenticar o usuário e efetuar o pagamento. Aliás, na prática, a expressão "pagamento sem contato" está inadequada, pois é praticamente impossível aproximar o cartão, pulseira ou smartphone sem de fato encostar uma coisa na outra!

No caso dos smartphones, Apple, Google e Samsung desenvolveram seus sistemas de pagamento sem contato:

Tabela comparativa de sistemas de pagamento para smartphone

Usuários dos smartphones Samsung que rodam Android poderão portanto escolher entre as duas plataformas: Google Pay (ex-Android Pay) ou Samsung Pay.

Com a Samsung Pay, além do NFC, a empresa disponibiliza uma tecnologia chamada Magnetic Secure Transmission (MST) capaz de emitir pulsos magnéticos ao leitor de cartões e fazê-lo interpretar esses pulsos como se estivesse lendo direto de uma tarja magnética, o que torna o Samsung Pay mais evoluído e mais compatível com as maquinetas já existentes, facilitando sua implantação.

Para mais informações atualizadas sobre quais cartões são compatíveis com cada plataforma disponível no Brasil, veja esses links:



Essas empresas irão ajudar a popularizar os pagamentos sem contato. No entanto, os Bancos e empresas emitentes de cartões de crédito e débito também estão lançando seus dispositivos e aplicativos para pagamentos sem contato.

Um pouco de história:

No Brasil, o Banco do Brasil saiu na frente com o app Ourocard (link) que, antecipando-se ao lançamento dos pagamentos sem contato nos sistemas Android, permite ao usuário utilizar uma plataforma própria do Banco. Usei bastante esse app até o momento em que comprei um Google Pixel (o smartphone da própria Google) e passei a usar o próprio Google Pay.

Posteriormente, ao que me vem à mente, por ocasião das Olimpíadas de 2016, o Bradesco, a Swatch (marca de relógios) e a própria Visa lançaram no Brasil dispositivos "vestíveis" para pagamento. Vale a pena mencionar também a introdução do Mastercard contactless nos transportes públicos (São Paulo, Rio e Curitiba) a partir de outubro daquele ano.

Na verdade, faltam-me mais dados históricos para relatar melhor como ocorreu a chegada dessas plataformas. Assim, outros dispositivos e soluções podem ter surgido nesse período até junho de 2017, quando chegou a Pulseira Ourocard (veja aqui a matéria do Melhores Destinos sobre o lançamento dela).

Foto autoral com minha Pulseira Ourocard
Minha pulseira chegou...

A Pulseira Ourocard:

Custando R$70,00 (R$30,00 em promoções), a pulseira vem na caixinha acima. Basicamente é isso: caixa, pulseira e o mini-cartão destacável do plástico. Não veio instruções de como encaixar e nem como ativar. No entanto, na parte traseira do plástico consta o número completo do cartão, o que facilita o desbloqueio usando os métodos tradicionais do Banco do Brasil.

Pra colocar o mini-cartão dentro da pulseira, eu destaquei ele do plástico (bem óbvio) e enfiei na fenda. Ficou assim:

Foto autoral detalhando o mini-cartão dentro da pulseira

Após isso começava a novela: colocar a pulseira no pulso. De cara deu pra sacar que o lado que exibe o cartão (bem chamativo com esse amarelo todo e o nome VISA) deveria ficar pra baixo. Se é assim, a ponta da pulseira só poderia encaixar se fosse enfiada embaixo do compartimento, da seguinte forma:

Foto autoral da Pulseira Ourocard

Foto autoral da Pulseira Ourocard mostrando encaixe

No entanto, fazer isso no braço com apenas 1 mão requer paciência, principalmente porque esse pino metálico fica saindo o tempo todo:

Foto autoral mostrando o pino da pulseira fora da mesma

Com calma, enfiando a ponta pra dentro (sem atritar muito o pino!) e depois apertando pra travar na posição desejada, consegui deixar no lugar:

Foto autoral mostrando melhor forma de usar a pulseira

Foto autoral da Pulseira Ourocard no braço


Confesso que não achei muito confortável. Muito grossa se comparada às smartbands esportivas que eu já era acostumado. A Pulseira Ourocard tem 1,7cm na parte estreita e a área retangular tem 2,8 x 3,1cm.

E na prática, como é pagar com a Pulseira?

Ao longo dos últimos anos percebo que o país caminha a passos bem tímidos para implantar as tecnologias de pagamento por aproximação. O artigo 'Pagamento por NFC? Não vale o esforço' escrito em março/2017 pelo Diego Kerber, colunista do site Adrenaline (leia o artigo), continua super atual e recomendo a leitura.

Acho que o problema de pagamentos por aproximação no Brasil, que acaba influenciando na hora de pagar, é mais uma questão relacionada às nuances brasileiras mesmo. Estou falando da diferença entre crédito e débito, que possuem prazos de repasse e custos diversificados, e que portanto vai levar o lojista a ter interesse nessa ou naquela modalidade.

Em outros países, com taxas de juros baixas, e sem essa de 'parcelamento', o lojista não está nem aí se você usa crédito, débito ou vale-coxinha: o sistema já lança o valor diretamente na maquineta e isso facilita que o próprio usuário escolha a forma de pagar, o que torna perfeito o uso de contactless.

Foto tirada no exterior de uma maquineta de pagamentos
A maquineta gringa (grandes lojas) já mostra o valor e você se vira pra pagar.

Mas vamos em frente...

A Pulseira Ourocard é uma espécie de adicional ao cartão plástico, tendo a mesma validade e limite. Se você perder a pulseira, melhor correr pro telefone e comunicar o Banco, já que transações de até R$50,00 não precisam de senha (vale a pena pagar a Proteção Ouro - seguro contra transações indevidas que custa uns R$3,00 por mês).

Não está claro pra mim ainda se a perda do cartão principal interfere na utilização da pulseira. Acredito que não, já que pelo menos os cartões virtuais do app Ourocard não sofrem caso o plástico principal seja trocado. A confirmar...

De todo modo, é mais ou menos assim a experiência de pagamento da Pulseira Ourocard, a qual não difere muito de outros pagamentos por aproximação no Brasil:

1) O atendente diz o valor da compra e começa a esperar que você entregue o cartão. Nessa hora, você dá aquela olhada esperta na maquineta pra saber se a ela tem no cantinho o logotipo EMV para Pagamentos por aproximação (imagem no começo do post). Até hoje só consegui pagar com Cielo, Redecard e algumas Getnet, mas ouvi dizer que a Moderninha também aceita.

2) Você diz que quer pagar na opção "contactless" ou "por aproximação". A reação geralmente é de espanto.

3.1) O atendente imediatamente se rende e te dá a maquineta.
ou
3.2) O atendente tenta apertar botões pra achar essa função.

De qualquer forma, você vai ter que saber os passos seguintes, seja pra executa-los ou pra ajudar o atendente:

4) Aperte a tecla 1 (apenas caso seja Cielo) ou comece a digitar o valor (Redecard e demais) e continue digitando o que está sendo pedido na tela: função (crédito ou débito), nº de parcelas, etc.

5) Após, a maquineta vai dizer algo tipo "Aproxime, insira ou passe cartão". Pronto: é so encostar a pulseira próximo ao compartimento do mini-cartão.

6) Se o valor for acima de R$50,00, ainda assim a maquineta vai pedir senha.

Pronto: Se a operação der certo, o papelzinho vai sair e todo mundo vai abrir aquele sorriso maravilhado com a novidade. Hahaha!

Foto de um pagamento sendo realizado com a Pulseira
Foto: Divulgação / Banco do Brasil.

No final das contas, dar logo o cartão de plástico teria sido muito mais rápido nos casos acima, onde há necessidade de o atendente manipular a maquineta.

Mas todo período de transição é assim mesmo e é por isso que eu faço uma breve porém muito importante ressalva ao passo-a-passo acima, já que algumas lojas começaram a implantar pra valer o pagamento sem contato no Brasil:

Estive numa loja da rede de farmácias Drogasil em Brasília e a experiência não podia ter sido mais rápida. Assim que a atendente disse o valor da compra, de cara já lançou a velha pergunta "crédito ou débito". Respondi "crédito" e ela, com uma única teclada, ativou a maquineta próxima de mim. Nessa hora, só fiz encostar a pulseira e, em menos de 2 segundos (sério!), o cupom já estava saindo da impressora com minha nota fiscal. Foi bem rápido mesmo.

Depois, na seção de Ajuda do Google Pay, descobri que a Drogasil faz parte do pequeno grupo de redes lojistas que já implementaram pagamentos sem contato na terra brasilis (veja todas aqui).

Esse post, no final das contas, acabou sendo muito mais que um review da Pulseira Ourocard. Mas acho que não daria pra falar só da pulseira sem dar um panorama.

Se surgirem mais informações relevantes, voltarei a editar. Até lá, fica a seção de Comentários disponível para todos.


UPDATE (14/03/2018):

Usei a Pulseira em Londres e funcionou muito bem para pagar ônibus e metrô, e ainda em todos os locais onde precisei usar cartão (pubs, principalmente, pela agilidade).  Achei bem melhor deixar o chip voltado para baixo no pulso, fica mais ágil assim.